Números Complexos
Introdução: Um pouco de História
Houve um momento na História da Matemática em que a necessidade de expressar a raiz de um número negativo se tornou fundamental. Em equações quadráticas do tipo:
Temos uma fórmula fechada para sua resolução, que é a fórmula para equações de 2º grau:
Onde:
O número Δ é o discriminante da equação e para:
- Δ > 0, temos 2 raízes reais;
- Δ = 0, temos uma raiz real;
- Δ < 0, não temos nenhuma raiz real e aqui que se encontrava o problema: Como expressar a raiz de Δ se Δ < 0? Isso implicaria em dizer que: qual o número elevado ao quadrado resulta um número negativo?
Então, se tivermos a equação:
Vemos que caímos num caso particular em que a fórmula para a equação de 2º grau não encontra raízes reais. Para contornar este problema, Bombelli admitiu que:
Assim, considerando um novo tipo de número.
Leonard Euler (1707 – 1783) usou em 1777 a letra i para representar o número , chamando-o de unidade imaginária, pois i2 = -1.
Logo, seria possível encontrar uma solução para a equação:
Fazemos:
Surgiu, assim, um novo tipo de número, chamado por Gauss de Número Complexo, sendo expresso por:
Gauss, por volta de 1800, associou a cada número na forma a + bi um ponto P do plano cartesiano, definido pelo par ordenado (a, b):
[Figura 1]
Conseqüentemente, foi criado um novo conjunto numérico chamado de Conjunto dos Números Complexos e podemos fazer uma representação por diagramas de
Venn:
[Figura 2]
Elementos do Conjunto Complexo
Um número complexo costuma-se ser simbolizado pela letra z. Qualquer elemento de z de C tem a forma:
Sendo:
- a a parte Real Re(z)
- b a parte Imaginária Im(z)
O oposto de um número complexo:
É o número complexo:
Igualdade de Números Complexos
Dois números complexos:
São iguais, se, e somente se:
Adição e Subtração de Números Complexos
Dado dois números complexos z1 = a + bi e z2 = c + di, temos para a:
Adição:
Subtração:
Conjugado de um Número Complexo
Dado um número complexo z = a + bi, o conjugado de z é denominado por e é dado por:
Notem que:
Mas i2 = – 1 , logo:
Multiplicação de Números Complexos
Dados dois números complexos z1 = a + bi e z2 = c + di , o produto z1 . z2 é dado por:
Mas i2 = – 1 , logo:
Dado dois números complexos z1 = a + bi e z2 = c + di ≠ 0, o quociente z1 / z2 é obtido multiplicando ambos termos pelo conjugado do divisor:
Separando a parte Real da Imaginária, obtemos:
Dado um número complexo não – nulo z = a + bi, o inverso deste número é dado por:
Ainda podemos escrever z – 1 como:
Potência de i com Expoente Natural
Com relação às potências de i com expoente natural, temos que:
Percebemos que as potências se repetem de 4 em 4. Então, para calcular indicaremos q como quociente e R como resto da divisão de n por 4:
Daqui temos que n = 4q + R. Logo:
Mas , logo:
Portanto, para calcular in, basta calcular iR, onde R é o resto da divisão de n por 4.
Como já foi dito na introdução deste estudo, Gauss associou a cada número z = a + bi, um ponto P do Plano Cartesiano.
A parte Real (Re) do complexo é representada por um ponto no eixo horizontal e este é chamado de Eixo Real.
A parte Imaginária (Im), por sua vez, é representada por um ponto no eixo vertical, chamado de Eixo Imaginário.
O ponto P, correspondente ao número complexo z = a + bi é chamado de imagem ou afixo de z.
A interpretação geométrica dos complexos foi descoberta em 1797 por Caspar Wessel (1745 – 1818), mas somente em 1806, o matemático suíço Jean Robert Argand (1768 – 1822) publicou um artigo sobre a representação gráfica dos números complexos. Gauss já havia concebido tal representação, mas si a publicou 30 anos após a publicação de Wessel. Hoje, o plano dos números complexos é conhecido com Plano de Gauss ou Plano de Argand – Gauss e é representado como:
[Figura 3: Plano de Argand-Gauss]
Módulo e Argumento de um Número Complexo
No Plano de Gauss, a distância da origem até o ponto P é chamada de módulo e representada pó |z|, indicada na figura abaixo pela letra grega ρ (Rô):
[Figura 2: módulo]
Para calcularmos a distância ρ, aplicamos o teorema pitagórico no triângulo Opa:
Algumas propriedades podem ser destacadas:
O ângulo formado pela reta suporte de OP e o Eixo Real é denominado por θ, sendo e é chamado de argumento de z, para z ≠ 0 e indicamos por ARG(z). Podemos escrever:
Tomando o triângulo retângulo Opa da figura 1, temos:
[Figura 5: triângulo retângulo]
Daqui obtemos as relações:
Forma Trigonométrica ou Polar dos Números Complexos
Seja o número complexo em sua forma algébrica z = a + bi, sendo z ≠ 0. Das relações trigonométricas observadas na figura 3, temos que:
Se substituirmos essas relações na forma algébrica de z obteremos:
A forma polar de z é muito útil para efetuarmos potenciação e radiciação de números complexos.
Produto de Números Complexos na Forma Polar
Dados os números complexos em sua forma polar:
O produto entre z1 e z2 é dado por:
Mas, sabemos que:
e
[Veja aqui as demonstrações da Soma e Subtração de arcos]
Logo:
Por indução temos que:
Divisão de Números Complexos na Forma Polar
Dados os números complexos em sua forma polar:
A divisão entre z1 e z2 é dada por:
Vamos fazer, separadamente, as multiplicações do numerador e denominador da equação (1):
Numerador:
Denominador:
Pela relação trigonométrica fundamental, temos que:
Logo:
Substituímos, agora, (2) e (3) em (1) e obtemos:
Potenciação de Números Complexos na Forma Polar - (Primeira Fórmula de De Moivre)
Dado um número complexo não-nulo em sua forma polar e um número . A n-ésima potência de z será dada por:
Para maiores detalhes consulte a demonstração da Primeira Fórmula de De Moivre aqui.
Radiciação de Números Complexos na Forma Polar - (Segunda Fórmula de De Moivre)
Dado um número complexo não-nulo em sua forma polar . A n-ésima raiz de z será dada por:
Para maiores detalhes consulte a demonstração da Primeira Fórmula de De Moivre aqui.
(Baricentro da mente)